segunda-feira, 14 de outubro de 2013

ORAÇÃO E RELACIONAMENTO






Lucas 18:01-08




Muitos falam a respeito do “relacionar-se com Deus” e nesse falar dão muitos significados a termos como santidade, espiritualidade, obediência, gratidão, vida nova e etc...
Todas essas coisas fazem, sem dúvida alguma, parte da empreitada humana em se relacionar com o seu Deus, e Ele com a humanidade. No entanto, em todas elas, assim como em toda atitude relacional, existe a necessidade insubstituível do diálogo, da interação. Interação nem sempre verbalizada na sua forma mais comum, através das palavras, mas também com gestos, gemidos, com sensações e sentimentos, com olhares e lágrimas, com sorrisos e indagações... Ainda que expressada das mais diversas maneiras, sempre chegarão ao trono do Pai em forma de uma Oração! Desse modo, a oração é o que liga a criatura ao criador!

No Evangelho de Lucas no capitulo 18 versus 01 ao 08 encontramos a parábola do Juiz Iníquo, que apesar de aparentemente simples, trás consigo uma infinidade de temas teológicos significativos, entre eles a importância da oração na vida do Cristão.
Nós encontramos praticamente quatro personagens nessa parábola: A VIUVA que naquele contexto era sinônimo de repressão e de desprezo. O JUIZ iníquo representado como um homem insensível e duro de coração, o ADVERSÁRIO da viúva da qual não se tem muitos detalhes e por fim DEUS como o justo e misericordioso.

O que liga todos esses personagens no enredo da historia é uma necessidade que surge e que é resolvida, solucionada através de um ato de perseverança. Perseverança na oração!
O tema central da parábola, sem duvida, não é só a oração, mas a perseverança na oração, o ato de perseverar, de se manter firme num determinado propósito, buscar, correr atrás de um objetivo. Assim a perseverança na vida cristã caminha junto com a oração, e essa se apropria da outra num ato de inquietação...
Jesus diz logo no inicio do trecho do Evangelho – “ ...O dever de orar sempre...”

Na parábola nós observamos o exemplo de uma mulher, uma viúva, a insistência daquela mulher em sair todo dia do seu lar. Não temos essa informação, mas sabe-se lá a distancia que ela teria que percorrer, e muito provavelmente ela não teria acesso ao juiz da maneira como deveria ser, é provável que ela ficasse as espreitas, esperando a saída ou a entrada daquele homem, mas era a única coisa que ela podia fazer. E mesmo tendo todas as circunstâncias contra ela naquele momento, perseverou no seu propósito.

Sua insistência se traduz numa oração sincera, que só poderia ser feita por alguém que realmente estivesse precisando de ajuda, e ela não desistiu...
Quantas vezes desistimos por tão pouco, quantas orações já deixamos perdidas no passado, quantas vezes já não lançamos mão de sonhos e projetos por pura falta de convicção. O Senhor sabe todas as coisas, mas espera ver em seus filhos a força necessária para pelo menos lutar rumo àquilo que eles sonham, esperam...

Oração é um meio de comunicação, é uma das principais maneiras como nos relacionamos com o Senhor, e ainda que exista aquela idéia de “vida de oração”, ou seja, que a todo o momento, durante o meu dia-a-dia eu estou em freqüente diálogo com Deus, ainda que seja válida essa idéia, a oração requer exílio, requer uma atitude de centralidade, de foco...
Ainda que o orar em conjunto com os meus irmãos seja saudável, orando uns pelos outros, em comunhão etc... É indispensável que você tenha um momento particular com Deus, é necessário que você busque perseverar essa pratica na sua vida...

Na maioria das vezes o maior obstáculo no nosso relacionamento com Deus, na perseverança da nossa oração, somos nós mesmos...
No entanto, lendo o texto fica fácil, e eu diria até arriscado, confundir perseverança com insistênciaágua mole em pedra dura, tanto bate até que fura... – Porém me parece que aqui o sentido da palavra seria como uma expressão de caráter, ou seja, tentando definir isso, seria a confiança de que aquilo que você pede é justo perante o Senhor...
E sem medo de errar, podemos dizer que a justiça, na sua mais clara forma caminha lado a lado junto à oração, pois aquele a quem ela se destina é Justo!

Certa vez ouvi o Pastor Ariovaldo Ramos dizer algo como “O homem tem o poder de fazer e até dominar as leis, mas a justiça só quem faz é Deus”, ou seja, o homem executa leis, mas Deus faz justiça!
Na parábola Jesus descreve a figura de um Juiz completamente corrompido, pra isso ele usa os termos “Não temia a Deus, e nem respeitava os homens” pra representar esse caráter. Um Juiz que com certeza fazia a sua própria justiça e é certo que ele devia julgar na lei do “quem dá mais”...

Mas a atitude daquela mulher, a perturbação que ela trazia fez com que ele tomasse a decisão de ajudá-la, para se ver livre dela...
Então Jesus diz no verso 6: “Considerai no que diz este juiz iníquo.”
Entendo que Jesus está dizendo - olhe para esse homem, pense nesse homem, observem suas atitudes e sua maneira de lidar com as situações... Agora veja bem, mesmo esse homem desonesto, corrupto, frente a perseverante insistência da mulher, decide fazer justiça, quanto mais fará o Senhor Deus, nosso Pai,  que é o JUIZ DE TODA A TERRA!!!

Só Deus pode discernir pela justiça, a nossa oração nos conduz a entender e porque não dizer, aceitar essa justiça.
Quando entendemos que a justiça vem de Deus, e que nós somos conduzidos a ela através da oração, nós temos que ser capazes de entender que estamos nos expondo a uma decisão que independe da nossa vontade!
Por isso muitas vezes nossas orações não são atendidas, pois o coração do homem é enganoso, o que achamos que é certo, não é, o que desejamos pensando sendo o melhor pra nós, é pedra de tropeço... Muitas vezes não temos a capacidade de discernir entre o certo e o errado, mas Deus tem, pois ele é Justo e fiel...

O que a parábola nos revela é que se a nossa oração for perseverante e justa Deus não tardará em responder.
E nesse processo, a oração nos leva a fortalecer a nossa confiança nesse Deus, assim ela também caminha junto à fé, que torna maduro (a) aquele (a) que ora...
No verso 8 Jesus termina essa parábola fazendo a seguinte a pergunta: “...Quando vier o Filho do Homem, achará porventura, fé na terra?”
Ora, nós aprendemos que a fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e aprova de que existem coisas que não podemos ver (Hb 11:01 NTLH).
E a oração caminha como um gesto de fé. Como orar sem esperar nada, sem ter a certeza de algo, sem imaginar que alguém está ali com os ouvidos voltados pras suas palavras, isso é fé.
Percebam como as coisas estão todas interligadas, a oração, a fé, a justiça. Jesus diz pra orar sempre e nunca desanimar, porque fé não combina com desanimo!! Tende bom animo (João 16:33): disse Jesus – Tenha fé!

Jesus fala do seu retorno, aqui nos encontramos relatos daquilo que chamamos de Parousia, a volta de Cristo. Uma idéia que nos tempos da igreja primitiva já causava muitos problemas, e que hoje também não vem sendo diferente.
Temos visto hoje uma verdadeira “des-Cristianização” (se é que existe essa palavra) cada vez mais forte, mais operante. Eu não preciso entrar em detalhes quanto a isso, vocês têm acompanhado na mídia, nos meios de comunicação do mundo todo, a relativização dos princípios cristãos, a inversão de valores, a PERDA de muitos valores...

Um verdadeiro cenário de pura confusão, que inevitavelmente nos conduz não só ao enfraquecimento da fé humana em Cristo, mas a distorção dessa fé – a questão não é se o Senhor achara fé na terra, mas será que ele achara fé no Deus de Israel??
A oração perseverante fortalece o relacionamento entre eu e o meu Deus. Eu me torno cada vez mais intimo Dele, e por conseqüência disso, fortaleço minha fé.
A oração me torna capaz de resistir aos “ventos de doutrina” que se levantam a todo o momento ao nosso redor, abre os nosso olhos e ouvidos à verdade, enche o nosso coração de fé no Deus verdadeiro e único.

Não percamos as oportunidades de falar com o nosso Deus, não deixemos de perseverar nos nossos objetivos até que a justa vontade Dele nos leve ao entendimento, enchamos o nosso coração de fé!
Não há lugar especial, não há momento especifico, não há veste, não há nada que nos impeça de orar – já dizia uma frase do escritor francês Victor Hugo “Há pensamentos que são orações. Há momentos nos quais, seja qual for a posição do corpo, a alma está de joelhos!”.

Por Cristo, Com Cristo e Em Cristo.
José Idamar Evangelista.

 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O QUE SE VÊ NA TV!



Texto extraido da edição de Setembro-Outubro/2013 da Revista Ultimato.





  João acaba de desligar a televisão e ler os jornais. Eis o que viu, ouviu e leu:
 Certo professor universitário cita Marx e Freud e diz que a fé religiosa não passa de uma fuga da realidade.
 Certo sociólogo propõe que todos os que estão no fim na vida, todos os dependentes químicos irreversíveis, todos os criminosos irrecuperáveis e todos os parasitas do país devem ser agraciados com a morte.
 Para acabar com o risco de um ataque surpresa de armas nucleares, certo militar estuda a estratégia de destruir todos os arsenais atômicos, exceto os de seu próprio país.
 Certa revista acaba de publicar 50 páginas das mais notáveis fotos de nu frontal de homens, mulheres, crianças e adultos.
 Certo historiador volta a negar a existência de navios negreiros afundados por navios britânicos na época da escravatura e a existência de campos de concentração na época do nazismo.
 Certo arquiteto oferece seus préstimos para modernizar os velhos templos cristãos, retirando todos os púlpitos, os sacrários, as sacristias, os confessionários e coisas afins para sobrar espaço para os gazofilácios, a banda e uma arena de danças e espetáculos.
 O conselho de certa igreja resolve distribuir preservativos todos os domingos para todas as crianças da escola dominical com mais de 12 anos.
 Certo senhor de 60 anos, por volta das duas horas da madrugada, sai do seu quarto e entra no quarto da netinha de seis anos para abusar dela.
 Os brancos de certo país retornam ao poder e acabam outra vez com os direitos dos negros.
 Certo seminário põe na rua todos os seus alunos sob a acusação de promiscuidade e fecha as portas.
 Certo grupo religioso oferece excelentes salários a pastores que sabem atrair multidões e pregar com sucesso a prática do dízimo.
 Certo acordo internacional entre nações ricas autoriza o afundamento de navios e a derrubada de aviões que transportem imigrantes de países pobres para os seus.
 Certo governo manda para a cadeia qualquer pregador que condene os gays e qualquer profissional da área de saúde mental que receba em seu consultório o homossexual que deseje mudar a preferência sexual.
 Certo projeto de lei que revoga a proibição do porte de armas tramita no Congresso de certa nação. Segundo essa lei, qualquer pessoa acima de 18 anos, não importa o gênero, pode carregar uma arma de baixo calibre na pasta, na bolsa ou na cintura para não ser molestada nem assaltada.
 Depois de desligar a televisão e fechar os jornais, o apóstolo João pegou a pena e terminou de escrever sua Primeira Carta: “Todo o mundo a nossa volta se encontra sob o poder do Maligno” (1Jo 5.19, na versão de J. B. Phillips).