Curas,
milagres, maravilhas, pessoas ressuscitando, por onde ele passava o alvoroço
era certo, mas se tem algo que me chama atenção era o modo peculiar que ele
tocava as feridas da alma de determinadas pessoas. Confronto, reconhecimento da
situação seguido de confissão e assim vidas iam sendo tocadas e transformadas.
Tenho pensado
muito sobre isso, pois Jesus continua vivo, continua tocando vidas, continua
revelando as dores, trazendo a tona as feridas ainda não tratadas. No entanto,
percebo que lhe faltam instrumentos pra isso.
Certo dia
ele pergunta a um dos seus amigos:
– Você me
ama?
– Sim, te amo.
– Você me ama mesmo?
– Claro que
te amo. E pela terceira vez, a mesma pergunta.
– Você me
ama mesmo?
– Poxa,
claro que te amo.
– Hum, me
ama, então vai, cuida das minhas ovelhas.
Parece uma
conversa tão simples, não é mesmo, mas foi e é tão séria. Se entendêssemos o
teor deste diálogo e o quanto significa.
Vidas estão
necessitando do toque de Jesus, mas quem está disposto a ser este instrumento? A
verdade é que a partir do momento que, como um canal, tocamos a vida de alguém
e conhecemos o desconhecido, que o escondido nos é revelado, acabamos nos
comprometendo com aquela pessoa. E surgem alguns pensamentos do tipo:
“Agora eu
sei quem ela é”.
“Eu sei o
que ela fez”.
“Eu sei o
que ela faz”.
“Agora ela
vai me procurar”.
“Vou ter que
ajudar”.
Pensamentos
deste tipo que nos afastam de querer qualquer envolvimento com a pessoa, com
seu problema e obviamente de nos comprometer com o tratamento dela.
Não acredito
num evangelismo confessional:
·
onde
folhetos são distribuídos, sem qualquer envolvimento pessoal;
·
onde
a boca transmite palavras que atingem apenas o intelecto;
·
onde
um “Deus te abençoe”, exime de qualquer compromisso;
·
onde
alguém aceita a Jesus e a pessoa pode caminhar sozinha.
Acredito num
evangelismo relacional:
·
onde
a boca comunica vida;
·
onde
as mãos se entrelaçam;
·
onde
os braços rodeiam outros ombros;
·
onde
Jesus é transmitido em atos de amor;
·
onde
a vida é transmitida através de uma outra vida;
·
onde
alguém caminha com outro alguém;
·
onde
a ferida é tradada, não instantaneamente, mas o tempo suficiente para a cura ser
verdadeira;
·
onde
as máscaras são tiradas, mas nem por isso as pessoas deixam de ser amadas;
·
onde
a graça de Cristo é revelada;
·
onde
o caráter de Jesus seja moldado;
·
onde
vidas sejam transformadas a ponto de levarem outros a viverem a mesma experiência.
Parece utópico,
mas como diz o meu pastor: – Se
você não crê, não tem problema, deixa eu crer sozinho.
Parece que a
voz de Jesus continua ecoando:
– Você me
ama? Então cuida das minhas ovelhas.
Sem mais,
Rodrigo.