Crescimento, expansão, sem dúvida essas são palavras que permeiam a mente
aflita de muitos líderes cristãos, é a máquina, o motor que move e impulsiona a
vida dos obstinados, quer seja pelo amor a obra de Deus, ou pela ambição
característica do ser humano. Nessa ânsia de cumprir o “Ide de Cristo”, na
propagação do Evangelho, frente aos inúmeros desafios que tal tarefa impõe,
abre-se mão de tudo o que estiver ao alcance para se ter sucesso nessa
empreitada.
No entanto, todo esse desejo eloquente traduzido pelo sonho de ver o
Reino de Deus avançando pelas fronteiras do mundo é também um convite
irresistível ao perigo do tropeço, e consequentemente uma porta aberta as
inúmeras incertezas, que cada dia mais tem surgido no seio da historia da
igreja.
Assim, os líderes de igreja vivem na fronteira da necessidade verídica de
crescimento e a probabilidade de uma ênfase demasiada nos números. E isso faz
com que por muitas e muitas vezes uma condição indispensável à um crescimento
maduro e saudável seja descartado: A dependência
do Espírito Santo.
Cada vez mais temos observado a profissionalização dos ministérios, a
automatização dos templos, a incrementação de toda indumentária eletrônica de
áudio e vídeo. Os pastores se aperfeiçoam em técnicas de preleção, de persuasão,
somadas aos já tradicionais cursos de caráter teológico.
Mas esses não são efetivamente os problemas. É claro que seria muitíssimo
proveitoso ter-se uma pedagoga experiente para cuidar das nossas crianças,
adolescentes e jovens. Uma verdadeira benção seria ter músicos com alto
conhecimento técnico, exímios compositores, polivalentes em talento. Fenomenal
seria ter uma equipe administrativa, peritos em equipamentos de som, com
conhecimento aprofundado em
técnicas de marketing, relacionamento interpessoal,
decoradores, designers, etc. Quão precioso seria um pregador carismático, eloquente,
com boa presença de palco, boa articulação. Com certeza, todas essas coisas
seriam de grande utilidade na expansão do Reino. Mas a questão é que, sem a
ação do Espírito Santo de Deus, todos esses talentos são inúteis ou
superficiais, e como assim o são, só alcançam as superfícies da alma humana.
Faz-me lembrar do episódio da história do líder bíblico chamado Gideão
(Jz 7:1-8). Do exemplo claro de dependência, ao qual, o próprio Deus o coloca.
Gideão foi um dos lideres do povo Hebreu, que eram chamados de Juízes.
Desde o inicio da sua narrativa Deus se apresenta a ele e deixa claro que
apesar de todas as suas limitações, o próprio Senhor o guiaria rumo a vitória
sobre o exército Midianita.
E desse modo o seu coração se encheu de fé, da certeza que Deus estava
com ele. No verso 34 do capítulo seis as escrituras relatam: “Mas o Espírito do Senhor apoderou-se de Gideão”.
E o resultado fora a reunião de um grande exército, trinta e dois mil
israelitas se ajuntaram a ele.
Com todos esses homens do seu lado, por mais que o exército inimigo ainda
superasse em números, a vitória era certa. O povo de Israel tinha ao longo da
historia a tradição de ser um povo guerreiro e impetuoso.
E o que no principio soava como o reflexo de uma confiança completamente
dependente da força que o movia, ou seja, o poder do Senhor dos Exércitos;
frente o seu aparente provável sucesso foi substituído pelos seus talentos
naturais, seus e também daqueles que estavam à sua volta.
Mas se você conhece o restante da história deve saber que Deus não
permitiu que Gideão entrasse em batalha com todo aquele aparato humano. O
Senhor minou suas chances a um número ridículo de trezentos homens. Trezentos
homens contra cento e trinta e cinco mil soldados midianitas!!
A mensagem bíblica é clara, a vitória do Juiz hebreu não estava
literalmente condicionada ao número de guerreiros que ele pudesse trazer
consigo. O diferencial naquela batalha seria a ação poderosa do Espírito Santo
de Deus através dos poucos e obstinados homens que sobraram.
Esse é o exemplo da maneira como os lideres cristãos de hoje devem se
posicionar.
Quando começamos um ministério, não temos nada além do amor a obra de
Deus e um coração
repleto de fé. Somos completamente dependentes do Senhor. E o
resultado é que milagres acontecem, vidas são verdadeiramente transformadas e
impactadas. O poder que opera através do Espírito Santo de Deus torna aquilo
que é imperfeito; perfeito.
Hoje estamos repletos de grandes templos, altamente equipados e lotados
de pessoas especialistas em todas as áreas, algumas até remuneradas. Talentos
humanos que inflamam egos e confundem os desavisados. Por fora parecem
abrilhantar de tamanha maneira que são proclamados como modelos de sucesso numa
jornada de espiritualidade. Por dentro, enganam e são enganados, frustram e são
frustrados, condenam e são condenados.
Busquemos fazer sempre o melhor pro Senhor, nos dediquemos a expandir seu
Reino, mas não esqueçamos que dependemos Dele, na nossa imperfeição e lembremos de
que o Senhor é que opera em nossa vida tanto o querer como o efetuar, e tudo
isso, segundo a Sua vontade (Fp 2:13).
Por Cristo, Com Cristo e Em Cristo.
Idamar.
https://www.facebook.com/amendoimteologico
Revisao de Texto: Rodrigo Andrade.
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