“Simão, filho de Jonas, tu me ama?” ( Evangelho de João Cap. 21:15 a
17)
Durante toda a história que encontramos na narrativa bíblica das Escrituras
Sagradas encontramos o nosso Deus numa busca rumo ao relacionar-se com a sua
criação. Desde Genesis até Apocalipse, o Pai age não só tomando a iniciativa,
mas também estimulando a humanidade nesse relacionamento. E nessa ação, ao
contrario de toda aquela onda de oportunismos e interesses que permeiam os
sentimentos humanos, nós encontramos um sentimento autêntico, onde há justiça,
mas também compaixão, onde há cumplicidade, e a manifestação do mais puro
amor!!
João 03:16 diz que “.. Deus amou o mundo de tal maneira que
entregou a vida do seu filho, Jesus, em prol da humanidade...”
Somente aquele que é capaz de amar deliberadamente e poderosamente pode
se doar de tal maneira...
E nós, entretanto, passamos a nossa vida toda construindo ou tentando
construir laços de afinidade, alguns desses laços permanecem, outros
desaparecem ou se perdem pelo caminho. Contanto, em todos eles amor é o
sentimento que rega, que alimenta esses relacionamentos, é ele que determina o
sucesso ou o fracasso deles... Mas de onde vem esse amor?
Pedro amava o Senhor Jesus, sem dúvida nenhuma ele O amava. Porém esse
amor se revela um sentimento incompleto, incapaz de suportar provações porque
sucumbe à perseguição e ao medo, e pela prevalência do medo ele acaba traindo o
seu Senhor.
“O verdadeiro amor lança fora todo o medo...” (1 Jo 4:18)
- É nesse momento que as palavras do
Apóstolo João nos viria à mente. E é claro que podemos concordar que o
verdadeiro amor é capaz de destronar o império do medo em todas as suas
estâncias, mas eu te pergunto novamente: Que amor é esse? O amor que vem de mim
tem esse poder? De onde vem esse amor?
Pois é no mesmo trecho bíblico que nós encontramos a resposta: “...O
amor procede de Deus” (1 Jo 04:07) – Pois Deus é amor!
Se olharmos pro texto original em grego do Evangelho
de João no capitulo 21 versos 15
a 17 encontraremos um jogo de palavras onde são
empregadas os verbos Ágape e Fileo, duas conhecidas representações
sobre o sentimento do amor.
Primeiro Jesus pergunta se Pedro o amava – “Simão tu me amas?” - utilizando
o verbo ágape (vs 15), ou seja, o
amor verdadeiro, o primeiro amor, o amor do Criador para com a criatura. E Pedro
ciente de que não era capaz de amar à altura e ainda constrangido com o que
havia acontecido, responde utilizando o verbo fileo – “Sim Senhor, sabes que te amo.” - o amor humano, imperfeito, incompleto, o amor
que pode se tornar vulnerável frente a qualquer circunstância.
Mas no verso 17 Jesus inverte os termos e emprega a palavra fileo na pergunta a Pedro, ou seja, ele
enxerga que Pedro assim como todos nós era um homem falho, e de certo modo Ele
aceita a resposta do apostolo. Deus busca o nosso amor, mas Ele mesmo sabe que
nós somos incapazes de praticá-lo sem a dependência Dele. E Pedro, como o texto
diz, entristecido responde confirmando aquilo que Jesus podia perceber - “Senhor
tu conheces todas as coisas, sabe que eu te amo...”
Aqui vemos a humildade necessária que cada um de nós devemos ter pra
dizer: Senhor tu sabes que eu sou um
pecador, e que eu sou limitado na minha maneira de amar, sou completamente
dependente do Senhor, meu sentimento ainda incompleto só pode se tornar
completo por intermédio do Senhor...
Penso que isso se aproxima daquilo que o Apóstolo Paulo disse na sua
carta aos Romanos no capitulo 07 versos 19 – Porque não faço o bem que quero,
mas o mal que não quero esse eu faço – Dói fazer o bem, gasta tempo,
atrapalha, às vezes custa caro. Nosso amor é imperfeito; por mais caridoso e
generoso que possa ser o homem ou a mulher, ele é facilmente convertido em
egoísmo e individualismo.
É no criador que se revela a perfeição dos relacionamentos. É em Cristo
que famílias são construídas da maneira como devem ser, pilares da sociedade,
firmes sobre a rocha, onde o homem conhece o seu lugar, respeita a sua esposa e
ela a ele. Onde os filhos são capazes de honrar seus pais, e esses por sua vez conseguem
mostrar o caminho certo por onde os filhos devem andar. (Ef 05 e 06), (Pv 22:6)
Em Jesus é que os jovens podem abandonar todo o egocentrismo comum dessa
idade, olhando uns para os outros como pessoas e não como objetos, que são
usados e descartados a todo o momento. Nesse amor eles seguem vivendo tudo
aquilo que a sua juventude é capaz de lhe proporcionar, mas cientes da
responsabilidade que tem/terão diante
do Senhor. (Ec 11:09)
É só em Jesus que o amor derruba tabus, desfaz paradigmas a ponto de eu
olhar pro meu irmão caído na estrada e reconhecê-lo como meu próximo, deixando
de lado todo tipo de preconceitos e não pensando em absolutamente mais nada a
não ser ajudar... (Lc 10:30,37)
Nele o amor transforma servos em amigos, e servir deixa de ser um jugo,
doar-se não é perder, mas ganhar. (Jo
15:13,15). Em Jesus o amor transforma amigos em irmãos!! (Pv 17:17)
Só à luz do amor de Cristo um pai é capaz de receber o filho que um dia
virou as costas pra ele e para tudo mais, e ficar tão alegre a ponto de sentir
como se aquele filho tivesse voltado à vida. É só nesse amor que esse mesmo
filho consegue enxergar tudo que deixou pra trás e tomado de arrependimento,
voltar a viver. (Lc 15:11,32)
Só esse amor tem poder para ressuscitar mortos e também vivos, anunciar
liberdade, libertar cativos, trazer vista aos cegos... (Lc04:18,19)
E cego somos eu e você que mesmo tendo uma boa visão, muitas vezes não
enxergamos que não somos capazes de amar sozinhos, não percebemos que
relacionamentos vivem na dependência do outro, que o outro é o espelho por onde
se reflete todo o afeto...
No dialogo entre Jesus e Pedro, a intenção do Mestre era avaliar o quão sólido
era o relacionamento que existia entre o Apóstolo e Ele. O sentimento que
partia de Pedro deveria não só alcançar a Jesus, mas também ir além e dar conta
de cuidar do seu rebanho, suas ovelhinhas, e Simão não teria conseguido sozinho.
E do mesmo modo, Jesus se apresenta pra mim e pra você, como fonte
inesgotável desse amor, para que através Dele sejamos capazes de cumprir seu
maior mandamento...
Amá-lo e Amar-mos uns aos outros, assim como Ele nos
amou!! (Jo 13:34)
Por Cristo, Com Cristo e Em Cristo.
José Idamar
Evangelista.
Incêndio em mato verde.
ResponderExcluirParece estranho que o fogo possa alastrar-se em uma mata verde e úmida. O que acontece: A progressão do fogo ateado a um ponto qualquer se dá pelo fato de, á medida que ele avança vai aquecendo o ambiente ao seu redor, propiciando seu alastramento com muita facilidade.
A solidariedade e o amor ao próximo funcionam da mesma maneira, ou seja, quando nós demonstramos solidariedade e amor ao próximo a alguém, sem que percebamos estamos irradiando algo que contagia as pessoas próximas, com isso induzindo-as a participarem da mesma prática.
Isso parece simples filosofia, mas não é. Tudo na nossa vida tem relação, pois estamos todos ligados a um propósito comum, que é a preservação da vida e a busca da felicidade.
O principal mal que assola a humanidade é o individualismo associado ao egoísmo. Se todos os humanos da face da terra, com a inteligência que tem se irmanassem, fariam da terra um verdadeiro paraíso, não um utópico paraíso divino, mas sim um lugar paradisíaco perfeitamente equilibrado e ótimo para viver.
Paulo Luiz Mendonça.