Evangelho de Mateus Cap. 08:19
Então aproximando dele um escriba,
disse-lhe: Mestre, seguirte-ei para onde quer que fores.
Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus
covis e as aves do céu os seus ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde
reclinar a cabeça.
E outro dos discípulos disse: Senhor,
permite-me ir primeiro sepultar o meu pai.
Replicou-lhe porém Jesus: Segue-me, e deixe
aos mortos que sepultem os seus próprios mortos.
O trecho de Mateus revela duas situações contrarias na vida daqueles que
tomam a iniciativa de seguir a Jesus.
No primeiro exemplo vemos um escriba, um doutor da lei, ou seja, uma
pessoa que conhecia os fundamentos da palavra de Deus declarada pelos profetas
e líderes do Antigo Testamento. Talvez devido a isso, estivesse acostumado ao
fato de que seguir o Cristo, o Messias, devesse representar uma vida de
vitórias e de glórias, que eram promessas feitas por todo o AT.
Aquele homem estava dando um passo à frente na sua vida espiritual e
tomando a decisão de seguir a Jesus “Para
onde quer que Ele fosse...”. É claro que ele não fazia idéia do que aquela
decisão significava naquele momento. Fica óbvio que sua iniciativa estava firmada
sobre uma religiosidade, uma historia de tradições que com certeza ele vinha
aprendendo por vários anos, herdada pelo povo judeu. Por isso Jesus o alerta do
que o estava esperando ao caminhar junto Dele.
No segundo exemplo vemos algumas situações diferentes. A Bíblia não diz
qual era o nível de conhecimento da lei que aquele personagem tinha, não revela
se ele era uma pessoa culta ou se era, tal como os outros discípulos, um homem
simples, um pescador ou uma pessoa do campo. Mas a Palavra de Deus diz que ele
já era um discípulo, ou seja, já havia tomado em determinado momento da sua
vida, a decisão de seguir Jesus, e já o seguia. Assim percebemos que sobre
aquele homem já existia toda uma responsabilidade quanto a obra de Cristo, ele
já se considerava um discípulo, dessa maneira ele tinha a obrigação de servir
como o seu mestre servia. Por isso Jesus o adverte quanto ao que ele pede, pois
sobre ele havia a carga de ser um servo de muitos e não somente a sua família.
Ele estava colocando a frente da sua missão questões particulares necessidades
das quais ele haveria de abrir mão uma vez que havia tomado a decisão de seguir
a Jesus. Entendo que não era necessariamente o fato dele desejar ir enterrar o
pai, mas sim o foco. O pastor conhece suas ovelhas, o mestre conhece seus
discípulos, é certo que por caminhar lado a lado junto daquele homem, e por ter
a capacidade divina de conhecer o profundo da alma humana, Jesus pôde enxergar
a grande dúvida que começava a nascer no coração daquele discípulo. È muito
comum pensarmos em desistir de sonhos e projetos quando somos expostos a
grandes tribulações. Penso que aquele homem estava prestes a abandonar seu
ministério frente a perda do pai...
Duas situações, uma um homem religioso e que motivado por essa
religiosidade quer tomar os caminhos de Cristo, a outra um homem simples que já
havia tomado a decisão de seguir Jesus e que naquele instante pensava em voltar
atrás, em abandonar a caminhada.
Jesus não obriga ninguém a segui-lo, mas uma vez tomada essa decisão,
feita essa escolha, Ele quer que você permaneça firme no propósito e não se
deixe sucumbir frente as propostas do mundo. Seguir a Jesus é um convite
pessoal, individual, e que nessa individualidade afeta cada um de uma maneira
diferente. Seguir a Jesus não é apenas tomar a decisão de levar uma vida de
adoração e admiração por Ele ou por Sua obra, mas acima disso, ser um imitador
das suas obras, um continuador da sua missão.
Se a sua decisão por seguir Jesus não for a de levar uma vida como a
Dele, onde por muitas vezes você vai ser desafiado a se colocar em situações de
sacrifício e lutas, quando não seus próprios desafios e lutas, mas outra vezes se
colocando a frente delas pelo seu irmão; você desistirá pelo caminho,
sucumbirá. Mas uma vez certo do que isso significa, Jesus garante que o seu
galardão, o seu presente, será grandioso e a sua alegria sem tamanho.
Em resumo, Seguir a Jesus é a decisão de levar a nossa vida de acordo com
os seus ensinamentos, tanto no que diz respeito a maneira como devemos cuidar
dos nossos interesses, como também o modo como olhar para os interesses dos
outros. Isso traduz, ou tenta traduzir, o grande mandamento deixado por Ele –
Amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo.
Quando olhamos para a maneira como vivemos, quais tem sido as nossas
prioridades, percebemos que diariamente travamos uma luta contra nós mesmos,
contra as nossas vontades, que na grande maioria das vezes vão na contramão dos
ensinos de Cristo. Por isso que seguir a Jesus exige um sacrifício diário, um
exercício de renuncia. E lutar contra essas vontades não é fácil pra ninguém,
mas é um ato de perseverança e fé. Assim vivendo dia após dia como discípulo de
Cristo, nos esforçamos em obedecer a sua vontade que se resume na vontade do
Pai, por isso, e através disso, demonstramos nosso amor a Deus, perseveramos
porque amamos a Deus e buscamos o ideal de amá-lo acima de todas as coisas.
E a ação de segui-lo se completa no amor ao próximo, no doar-se também de
maneira diária a vida daqueles que estão a nossa volta, que em regra, é outro
grande desafio do discípulo de Cristo. Por isso não temos tempo de olhar pra
trás, de sequer pensar no que ficou pra trás, é um ato de seguir adiante, de
errar e tentar de novo, sem desistir. A grande artimanha do pecado é fazer com
que percamos tempo pensando nele, por muitas vezes nos condenando por ter
errado conosco e com o próximo. Por isso Jesus se coloca como o libertador do
pecado, e esse caminhar diário como discípulo de Cristo nos ensina a recorrer a
Ele quando nos sentimos culpados. Não temos tempo a perder!! Seguir a Jesus
requer uma decisão rápida! Tem que ser agora!
Por Cristo, Com Cristo e Em Cristo!.